Caminhada reuniu 3 mil pessoas, em protestos do Grito dos Excluídos, em Manaus (AM)_Fotos Articulação do Grito

Por Karla Maria | Rede Jubileu Sul

O Grito dos Excluídos/as já está nas ruas denunciando “Esse Sistema não Vale. Lutamos por justiça, direitos e liberdade”. Nesta sexta-feira, 6, cidades como Manaus, Barreirinhas e Cuiabá já iniciaram seus atos. Um levantamento feito a partir dos articuladores locais espalhados pelo país apontam que o Grito deste ano será um momento forte de denuncia sobre os problemas enfrentados pela população brasileira, como os cortes em saúde, educação, o desmonte da previdência, o crescente desemprego, os crimes da Vale em Brumadinho e Mariana farão parte da programação dos centenas de atos programados.

Em Manaus (AM), cerca de três mil pessoas caminharam 11 quilômetros até a Ponte Rio Negro, local simbólico marcado pelo suicídio e pelo assassinato daqueles que defendem as florestas, a natureza. “É uma forma de darmos visibilidade a tantos gritos que ecoam nos quatro cantos do país e para através da imprensa chamar a atenção da sociedade para as dores dos excluídos e excluídas”, disse Alfa de Jesus, protestando contra as queimadas, em defesa da floresta e da água, um bem-comum.

Em coletiva de imprensa, padre Alcimar Araújo, vice-presidente da Cáritas de Manaus que também caminhou em protesto nesta sexta-feira, lembrou. “Estamos trazendo tudo isso para gritar por justiça, por direito e por liberdade. Mas ao mesmo tempo o grito é de esperança, porque queremos ajudar o povo a compreender que a defesa da Amazônia nasce da nossa fé, pois estamos falando da criação que está sob a nossa responsabilidade”.

Dom Sérgio Castriani, arcebispo de Manaus, também caminhou ao lado de crianças, religiosos, mulheres, migrantes e jovens, fortalecendo o grito das várias pastorais da Arquidiocese manauara.

Ainda no Norte, no Amapá, a sexta-feira foi reservada para panfletagem na Universidade Federal do Amapá. “Na programação do Grito aqui em Macapá temos o grito da juventude contra os cortes na educação e ciência. Também teremos o grito do Movimento dos Atingidos por Barragens, de comunidades quilombolas, das mulheres e outros, contra as políticas do governo Bolsonaro que atingem essas populações. Reivindicamos os direitos ao território, a políticas públicas e outras coisas mais”, disse o estudante Higor Pereira, durante sua panfletagem.

O ato, no Amapá, acontecerá neste sábado, a partir das 15h, na quadra ao lado da Igreja Jesus de Nazaré, localizada na Rua Leopoldo Machado, no centro da cidade. O cantor e poeta católico nordestino Zé Vicente marcará presença.

Em Barreirinhas, cidade a 250 quilômetros da capital maranhense, o Grito aconteceu nesta sexta-feira, por volta das 8h, em frente à Igreja Matriz. Era umgrupo pequeno, mas organizado. Representantes de quatro comunidades que vivem em torno do lixão da cidade, jovens da Pastoral da Juventude, alguns professores e representantes de outras comunidades se manifestaram pelas ruas da cidade passando pelo fórum, Câmara Municipal, secretaria de educação e prefeitura encerrando o ato na Praça do Trabalhador.

Cuiabá (MT) também realizou um pré-grito na Praça Ipiranga, no centro da cidade. Pessoas em situação de rua e militantes de direitos humanos, indígenas e representantes de diferentes entidades se uniram para chamar a atenção da população. “Hoje reunimos mais de 70 pessoas, o microfone ficou aberto para os protestos e angustias. Lutamos por direitos”, disse Inácio Werner, que articula o Grito em Cuiabá há 25. Werner é coordenador do Fórum Estadual de Direitos Humanos.

A praça da Igreja Sagrado Coração de Jesus, em Picos (PI) também foi palco de manifestação nesta sexta-feira. A concentração aconteceu ali com uma pauta em defesa de direitos sociais, como saúde, educação, previdências e um grito de basta ao feminicídio. “A gente hoje ainda traz para a cidade o grito das mulheres, o clamor das mulheres pela vida. Parem. Não matem mulheres”, clamou Maria Alves do Nascimento.

O ato foi concluído na Praça Felix Pacheco, também no centro da cidade. A comunidade de Valparaiso também participou exigindo providências para a situação do lixão a céu aberto, um problema antigo desta área rural.

O Grito no Santuário de Aparecida

Com expectativa de reunir cerca de 130 mil pessoas neste sábado, 7, o Santuário de Aparecida também será palco do Grito dos Excluídos e Excluídas. Reunindo milhares de pessoas de várias localidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, o Grito e a Romaria dos Trabalhadores/as chamam a atenção para os tempos sombrios que o Brasil está vivendo. Em que tragédias/crimes como de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, se sucedem, soterrando vidas e histórias, o solo, os rios e as florestas, por consequências de um sistema que privilegia os lucros e não a vida. Em que direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e avanços democráticos conquistados a duras penas, nas últimas décadas, estão sendo retirados, com o aval do Congresso e do sistema judiciário. O grito de Basta será ecoado pela Basílica.

Programação no Santuário:

  • 6h30 – Concentração no Porto Itaguaçu, onde segundo a história, foi encontrada a imagem de Nossa Senhora, por pescadores, em 1717;
  • 7 horas – Mística de oração no Porto Itaguaçu;
  • 7h50 – Início da caminhada do Porto Itaguaçu até o Santuário, com palavras de ordem, cantoria e reflexão sobre questões da classe trabalhadora;
  • 9h10 – Realização do Grito dos Excluídos/as, na Tribuna Papa Bento XVI
  • 10h30 – Missa dos romeiros trabalhadores na Basílica – Santuário de Aparecida.

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