A 6ª Semana Social Brasileira (6ª SSB) iniciou seu processo de mobilização, previsto para acontecer entre os anos de 2020 e 2022, lançando as redes sociais da articulação, por onde se realizarão diversas ações digitais a partir do tema central “Mutirão Pela Vida: Terra, Teto e Trabalho”.

O tema central da mobilização foi inspirado no discurso do papa Francisco durante o 1º Encontro Mundial dos Movimentos Populares com o papa, em 2014, onde ele enfatizou os três “T” gestados neste encontro: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”.

Diante da atual necessidade de isolamento social, devido à pandemia de COVID19, a articulação da 6ª SSB utilizará as plataformas digitais para colocar em prática suas ações de mutirão, dentre elas o Mutirão de Conversa, uma série de debates, com transmissão ao vivo, que tratarão, além do  tema central da mobilização, de assuntos relacionados ao compromisso da  6ª SSB com a construção do Projeto Popular para o Brasil e com novos valores e novas formas de convivência entre os seres humanos e com todos os seres da Terra.

O primeiro bate-papo, que pode ser assistido no perfil do Facebook da 6ª SSB,  acontece neste sábado, dia 30 de maio, às 16h e contará com a participação do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB, Dom José Valdeci Santos Mendes, da secretária executiva de 6ªSSB, Alessandra Miranda, e do dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Agustini Stedile.

Para acessar o debate Mutirão de Conversa CLIQUE AQUI

Terra, Teto e Trabalho

A pandemia de COVID-19 alastrou a crise social vivida pelo povo brasileiro, o que torna ainda mais urgente a reflexão quanto ao acesso a terra, o direto à moradia e sobre o trabalho digno a todos e todas.

Na última quinta-feira (28) o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgou o mais recente índice de desemprego no Brasil. Houve uma nova elevação na taxa, que passou de 11,2% para 12,6%, alcançando a marca de 12,8 milhões de desempregados. Segundo a pesquisa, os chamados desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego, somaram aproximadamente 4,8 milhões.

Das pessoas que permanecem empregadas, muitas tiveram redução na jornada de trabalho e também no salário. Dados do Ministério da Economia apontam que mais de 7 milhões de trabalhadoras e trabalhadores estão sob esse novo regime, e recebem, em média, R$ 752 mensais.

No que se refere ao direito à moradia, considerado um direito humano universal e previsto pela Constituição Federal Brasileira, a situação também é grave. O dado mais recente sobre déficit habitacional é de 2017, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) destacou que esse número chega a 7,78 milhões de unidades habitacionais em todo país.

Cerca de 33 milhões de pessoas no Brasil não têm uma casa com condições dignas para viver, segundo um levantamento da ONU (Organização das Nações Unidas). A falta de estrutura de saneamento básico, e precariedade nas moradias das grandes periferias, aumentam ainda mais a preocupação com a contaminação por COVID-19, que vem crescendo vertiginosamente nas comunidades.

Os números sobre concentração de propriedade de terras no país também são alarmantes. Um estudo da Oxfam Brasil destaca que 45% de toda a área rural do país está em posse de 0,91% de proprietários.  O Projeto de Lei 2633/2020, proposta advinda da Medida Provisória 910, se aprovado pelo Congresso, pode beneficiar grileiros que roubaram terras públicas e operacionalizam desmatamentos ilegais em larga escala, principalmente na Amazônia e no Cerrado, acirrando ainda mais a violência no campo e podendo aumentar o êxodo rural.

Por isso, as ações dos mutirões da 6ª SSB terão três eixos estruturais:  a soberania, a democracia e a economia que balizarão as articulações em forma de participação popular por terra, teto e trabalho

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